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Rock`n Roll: Como o ritmo alucinante chegou à Cidade Princesa

Do compassado baião para o rock foi uma mudança inesperada. Uma verdadeira loucura que a sociedade teve que enfrentar, tentando resistir, mas logo ...

14/01/2025 às 10h01
Por: Redação Fonte: Prefeitura de Feira de Santana - BA
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Do compassado baião para o rock foi uma mudança inesperada. Uma verdadeira loucura que a sociedade teve que enfrentar, tentando resistir, mas logo percebeu que era inútil. Os tempos mudavam e era preciso acompanhar. Em Feira, no final da década de 1950, o radialista Ivanito Rocha causava frêmito com o barulhento rock.

Bem antes dos ingleses Beatles, que mudaram definitivamente o comportamento da sociedade, pode-se assim dizer, o Rock'n'Roll, ou simplesmente o rock, surgido nos Estados Unidos, ‘destravou’ a sociedade do conservadorismo, acelerando o processo de mutação no pós-Segunda Guerra Mundial, que, daí em diante, tornar-se-ia cada vez mais acelerado, como se vê nos dias atuais. O ritmo barulhento, a guitarra, as roupas e a dança mirabolante, que deixavam os jovens como “enlouquecidos”, saíram das telas dos cinemas, nos movimentados filmes de Hollywood, para os clubes sociais, luxuosas residências e, na verdade, para onde existissem jovens.

Como tudo que é novo, nos anos 50, o rock enfrentou críticas pesadas e verdadeiros obstáculos, que foram sucumbindo graças às vozes de Pat Boone, Neil Sedaka, Jerry Lee Lewis, Chuck Berry, Little Richard, sem se falar em Elvis Presley, o maior de todos, até hoje admirado. E essa ‘loucura’ não deixaria de chegar a Feira de Santana, cidade com cerca de 150 mil habitantes, ainda acordando com o cantar do galo e seguindo embalada pelo forró de Luiz Gonzaga, Jackson do Pandeiro, Ary Lobo, Gordurinha e tantos outros nordestinos.

E chegou mesmo em 1959, graças ao seresteiro e narrador esportivo Ivanito Rocha, que, sem preconceito e com muita visão, lançou na Rádio Cultura, ao meio-dia, o programa Ritmo Alucinante, o primeiro do gênero no rádio baiano, que ele apresentava ao lado de Edson Magalhães. A sanfona, a zabumba e o triângulo não pararam, mas os “aloprados”, como eram chamados os adeptos do rock, começaram a brotar de todos os lados, como capim depois das chuvas. As mudanças foram enormes, os rapazes, por exemplo, além da roupa, passaram a trocar o tradicional corte de cabelo, com os traços bem definidos, pelo “maracanã”, marcado pelo pimpão bem cheio e pontudo.

Nesse turbulento embalo, Ivanito Rocha realizava, em 1960, no amplo auditório da Rádio Cultura, na Rua Professor Geminiano Costa, o I Festival do Rock'n'Roll, com estrondoso sucesso. Muitos tiveram que ficar no passeio dos estúdios da emissora, já que o auditório estava lotado. Edgar Cancyl e Élio Oliveira (cantores), Roberto Fialho (guitarra), Dadau (saxofone), Arnaldo (guitarra) formaram, de forma espontânea, o primeiro grupo de rock de Feira de Santana. Zilton Barbosa, Hilton Paturi, Marcelo Melo, Artur Zarak, Djalma, Tonho do Correio, Aécio, Luiz Carlos, Antônio Miranda, Nenca e Reinaldinho, garoto de seis anos, cantaram e dançaram, entusiasmando o público. O festival voltou a ocorrer em 1961 e, em 1962, o III Festival contou com a presença do cantor Demetrius, que era o “rei do rock” no país, com sucessos estourando nas emissoras de rádio, como "Corina, Corina" e "Ritmo da Chuva".

Por conta da expansão do ritmo norte-americano, surgiu a banda Os Eremitas, com Kid Baiano (violão), Israel Exalto (guitarra), Mário Carneiro (baixo) e Fernando Risadinha (bateria). Mas, a essa altura, o rock já fazia parte da cultura musical de Feira de Santana, assim como de outras cidades, não se constituindo mais em novidade. Os Eremitas deram origem à banda Os Leopardos, com Dito (vocal), Zé Trindade (teclados), Caguto e Israel Exalto (guitarra), Arlindo (bateria) e Edinho (baixo). Já em 1973, surgia o IsraelStones, considerado o melhor grupo de rock da Bahia, com: Israel (guitarra), Roberto Lustosa (violão/guitarra), Zequinha de Abril (bateria), Braz/Toinho (baixo) e Carlinhos Bacelar (teclado).

Não mais se constituindo em algo “extravagante” como já fora, e diante do surgimento de tantos outros ritmos, hoje o rock guarda o seu lugar, sem que surja outro com tamanha influência e capacidade de congregar a juventude.

Por Zadir Marques Porto



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